Universidades em SP se destacam em ranking de produção acadêmica
Por Karina Toledo
Três instituições paulistas – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) – lideram o ranking das universidades brasileiras que mais
publicaram artigos científicos entre os anos de 2007 e 2011, de acordo com a
edição mais recente do SIR
World Report, divulgado em julho pela Scimago Lab. Quando se considera o
impacto obtido pela produção científica de cada instituição, a brasileira que
mais se destaca é a Universidade Federal do ABC (UFABC).
O SIR World Report 2013 avaliou cinco anos de produção científica das
instituições de ensino superior de todo o mundo que publicaram, em 2011, pelo
menos cem trabalhos científicos indexados na base de dados Scopus. Produzida
pela editora holandesa Elsevier, a Scopus é considerada uma das maiores bases de
dados científicos do mundo, englobando mais de 20 mil periódicos
especializados.
Quando se leva em conta o número total de publicações (desconsiderando
trabalhos feitos por academias de ciência, hospitais, fundações e centros
nacionais de pesquisa), a USP é a instituição brasileira mais bem colocada –
ficando em quinto lugar no ranking mundial, com 48.156 trabalhos publicados
entre 2007 e 2011. Em primeiro lugar, está a Universidade Harvard, dos Estados
Unidos, com 80.467 publicações. Em seguida, estão Universidade de Tóquio
(51.796), Universidade de Toronto (48.944) e Universidade Tsinghua (48.396), da
China.
O pró-reitor de Pesquisa da USP, Marco Antonio Zago, destacou que a
instituição tem uma longa tradição de valorizar a pesquisa associada ao ensino
de qualidade. “A USP investe parcela considerável de seu orçamento para apoio à
pesquisa, além de captar financiamento de agências como FAPESP, CNPq e Finep.
Nos últimos anos intensificou a relação com universidades expressivas do
exterior. Está também evoluindo na cooperação com o setor produtivo e com
empresas, no que diz respeito à pesquisa mais aplicada, ao mesmo tempo em que
vem valorizando também outras formas de produção intelectual. Neste panorama, a
relação com a FAPESP é muito relevante, não apenas pelos recursos que nossos
pesquisadores captam da agência, mas também porque introduz um componente
competitivo e de controle sobre a qualidade de nossa produção”, disse
à Agência FAPESP.
A segunda brasileira mais bem colocada no ranking global foi a Unicamp, que
ficou em 135º lugar com 17.130 trabalhos publicados. Na 137ª posição está a
Unesp, com 16.998 artigos.
Para Gláucia Maria Pastore, pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, o resultado
expressa a força das três universidades estaduais paulistas e sua produção
científica de grande relevância.
“Se levarmos em conta o tamanho das instituições e o fato de que a Unicamp é
uma universidade bem menor do que a USP, nosso segundo lugar reflete a
importância de nossa produção científica, que abrange todas as áreas do
conhecimento, e o grande aporte feito em pesquisa na fronteira do conhecimento.
A posição é boa, mas queremos sempre aprimorar e, para isso, a pró-reitoria de
Pesquisa tem trabalhado para integrar os diversos grupos de pesquisa de tal
forma que a gente consiga resultados ainda mais promissores”, afirmou
Pastore.
“Considerando os trabalhos publicados pelas dez universidades brasileiras
mais bem colocadas (148.047 publicações), a produção científica dessas três
instituições paulistas representa 56% desse total (82.284 publicações)”,
destacou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Com apenas 3.956 publicações, a UFABC ficou na 1.345ª posição nessa
modalidade. Mas no quesito “Q1”, que mede a porcentagem de artigos de uma
universidade publicados nas mais conceituadas revistas de cada área do
conhecimento, a instituição salta para a primeira colocação entre as
brasileiras, com 55% de seus artigos publicados em revistas conceituadas.
A UFABC é seguida pela Universidade do Vale do Paraíba (Univap), com 45%;
pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 40,6%; e pela USP, com
39,1%. Nesse quesito, a Unicamp ficou na décima colocação entre as brasileiras,
com 37,5%, e a Unesp em 34º, com 30,5% dos trabalhos publicados em revistas
conceituadas.
Entre as dez universidades brasileiras mais bem classificadas no ranking Q1,
seis estão situadas no Estado de São Paulo – UFABC, Univap, Unifesp, USP, UFSCar
e Unicamp. Ao se considerar o volume de artigos no quesito “Q1”, cinco
universidades paulistas estão entre as 10 primeiras – ficando a USP em primeiro
lugar, com 17.985 trabalhos, e a Unicamp em segundo, com 5.967 publicações nas
revistas mais conceituadas.
Quando o critério de classificação usado é o de “impacto normalizado” – que
mede quantas vezes os trabalhos de cada instituição são citados em comparação
com a média mundial –, novamente a UFABC vem em primeiro lugar entre as
brasileiras com a marca de 1,67 – o que significa que os artigos da instituição
tiveram média de citações 67% maior que a média global.
Em seguida, estão a Universidade Estadual da Paraíba (0,95), a Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (0,93) e a Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia (0,92). A USP é a nona brasileira nessa modalidade, com a marca de 0,86. A
Unicamp é a 12ª, com 0,84, e a Unesp, a 35ª, com 0,70.
No critério “colaboração internacional”, mais uma vez a UFABC é a brasileira
mais bem colocada, seguida pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de
Janeiro, Universidade Estadual de Santa Cruz (BA) e Universidade Federal de
Alagoas (Ufal). A USP aparece em sétimo lugar, a Unicamp está em 22º e a Unesp
em 40º.
Com 20,3% de sua produção científica inserida no grupo dos 10% trabalhos mais
citados do mundo na respectiva área do conhecimento, a UFABC é a instituição
brasileira que lidera também no critério “excelência”. “A UFABC é nova e está no
caminho da qualidade acadêmica, enfrentando o desafio de crescer”, disse Brito
Cruz.
Política de apoio à pesquisa
Segundo Klaus Capelle, pró-reitor de Pesquisa da UFABC, há quatro fatores que
explicam o bom desempenho da instituição. O primeiro é a alta qualidade do corpo
docente, composto apenas por doutores contratados em regime de dedicação
exclusiva.
“Nossa segunda vantagem é decorrente do fato de sermos uma universidade muito
nova, com apenas sete anos. Por esse motivo, todos os nossos laboratórios – que
por enquanto são poucos – são de última geração. E grande parte dos equipamentos
foi adquirida por meio de projetos apoiados pela FAPESP”, contou Capelle.
Outra razão do bom desempenho acadêmico apontada por Capelle é a existência
de uma política interna de apoio à pesquisa. A instituição reserva parte da
verba recebida pelo Ministério da Educação para oferecer bolsas de iniciação
científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de auxílios para pesquisas
interdisciplinares e para a formação de núcleos estratégicos.
Por último, Capelle ressalta o modelo de organização da universidade, que
aboliu a divisão das áreas do conhecimento em departamentos para favorecer a
interação de pesquisadores.
“Essa diferenciação entre o que é Física, o que é Química e o que é Biologia
representa a forma como se enxergava o conhecimento no século 19. Como nós
construímos a universidade nos primeiros anos do século 21, abandonamos a ideia
do departamento. Isso faz com que a pesquisa interdisciplinar seja
particularmente forte na UFABC, pois não há barreiras artificiais que separam um
engenheiro de materiais, por exemplo, de um físico de estado sólido”, afirmou
Capelle.
CBPF lidera entre as instituições de pesquisa
Na listagem geral de todas as instituições de pesquisa no Brasil feita
pelo SIR World Report 2013, o destaque ficou com o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), que lidera nos quesitos Q1, impacto normalizado e
colaboração internacional.
No Q1, o CBPF é seguido pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada
(Impa), pela UFABC, pelo A.C. Camargo Cancer Cancer e pelo Instituto Nacional de Câncer. No quesito impacto normalizado, a UFABC, o Instituto Nacional de Ciência
e Tecnologia Translacional em Medicina, o Ministério da Saúde e a Sociedade
Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein fecham os cinco primeiros.
Na lista de colaboração internacional, após o CPBF estão o Impa,
o Laboratório Nacional de Computação Científica, a UFABC e o Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe). FONTE: Agência FAPESP, 22/08/2013
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