Santa Casa apresenta nova tecnologia para cirurgias cardíacas em Porto Alegre
Mais de 20 procedimento cirurgicos já foram
realizados no Estado com a nova tecnologia
Foto:
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
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Quando o assunto é cirurgia cardíaca, Porto Alegre já está à frente de muitos centros de referência do mundo. Na manhã de sexta-feira (19), a equipe do Heart Team (Time do Coração) do Hospital São Francisco, do Complexo Hospitalar da Santa Casa, apresentou um novo equipamento que auxilia nos procedimentos de implantes de válvulas no coração sem a necessidade de abrir o tórax.
Inédita no Estado, a tecnologia recentemente adquirida pelo grupo é a segunda em funcionamento no país — a outra opera em São Paulo.
Chamado Artis Zeego, o equipamento, que se ajusta à mesa cirúrgica e gira no entorno dela, tem capacidade de captar imagens tridimensionais do paciente em alta definição durante a intervenção cirúrgica. Elas são enviadas em poucos segundos a um monitor, permitindo à equipe médica acompanhar em detalhes cada passo do procedimento.
Conforme o médico Fernando Lucchese, que dirige o grupo ao lado do chefe do serviço de hemodinâmica, Valter Lima, a nova tecnologia apresenta uma série de vantagens para médicos e pacientes.
— O procedimento é muito menos invasivo, e por isso os riscos para pacientes, em especial para os idosos, são muito menores — explica.
O implante de válvulas no coração por meio de catéteres e sem a necessidade de abrir o tórax — como ocorre em intervenções convencionais — já é realizado em diversos hospitais de Porto Alegre, explica o médico. A aquisição do equipamento de imagem, desenhado especificamente para esse tipo de procedimento, é a grande novidade que reduz ainda mais os riscos da cirurgia.
A duração da intervenção, que chegava a sete horas, hoje é reduzida a menos de duas horas. Por ser menos invasiva, o tempo de recuperação também é menor.
Os pacientes, que antes permaneciam internados por cerca de duas semanas, hoje podem ser liberados em menos de sete dias. Lucchese calcula que, com esses avanços, o risco para o paciente caiu de 50% para cerca de 2,5%.
Há 43 anos realizando cirurgias cardíacas, o médico comemora a nova aquisição, que facilita também o trabalho de sua equipe.
Um dos grandes diferenciais é que o equipamento é todo instalado no teto da sala cirúrgica, e manuseado pelos profissionais através de joysticks, semelhantes aos de videogames.
Desta forma, os cirurgiões e intervencionistas conseguem atuar de maneira integrada com os demais profissionais, como anestesistas, técnicos de imagem e ecografistas em uma mesma sala.
A disposição dos equipamentos, além de facilitar a mobilidade da equipe durante o procedimento, garante aos médicos o espaço necessário para atuar caso ocorra alguma complicação durante a cirurgia.
— Essas novas tecnologias mudaram completamente a forma de atuar na cirurgia. Jamais pensei que estaria vivo para assistir e muito menos para fazer um procedimento com este tipo de software — ressaltou o cirurgião.
Completando seu primeiro mês de funcionamento no Hospital São Francisco, o equipamento já foi utilizado em mais de 20 cirurgias para colocação de válvulas cardíacas, e em dezenas de outros pequenos procedimentos.
O software, que já obteve a aprovação da Anvisa, ainda não foi liberado por outros órgãos governamentais. Por isso, todos os procedimentos até agora foram realizados por decisão judicial para pacientes com plano de saúde e também do Sistema Único de Saúde (SUS).
Lucchese acredita que, dentro de dois ou três anos, com a aprovação completa do governo, as cirurgias realizadas com essa tecnologia corresponderão a mais de 10% dos procedimentos realizados no hospital.
FONTE: Zero Hora, 19/07/2013
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