Intercâmbio oferece oportunidade a pesquisadores brasileiros no setor farmacoquímico
Pesquisadores brasileiros serão treinados e poderão acompanhar por, pelo
menos um ano, projetos de desenvolvimento e pesquisa de medicamentos em três
centros especializados no exterior: Cambridge, na Inglaterra; Paris, na França,
e Frankfurt, na Alemanha. O intercâmbio poderá ser feito a partir dos próximos
meses, pelo Programa Ciência sem Fronteiras e a expectativa de especialistas e
de autoridades do governo brasileiro é que o treinamento supra um déficit de
conhecimento científico sobre pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, que
ainda serão produzidos e que estão em fase de testes iniciais de segurança.
Na tarde de terça-feira passada (19), representantes do Ministério da Educação (MEC) e do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) assinam parceria com o grupo
farmacêutico francês Sanofi. Pelo acordo, que está em estudo há seis meses, o
grupo vai disponibilizar os centros de pesquisa especializados para a imersão
dos pesquisadores e, em contrapartida, o governo federal vai arcar com as
despesas do aluno, por meio de bolsas de estudo.
“O déficit nesse setor é muito grande e talvez esta seja uma das razões pela
qual o Brasil não avançou em inovação tanto quanto outros países”, avaliou
Jaderson Lima, diretor de Alianças Médicas e Científicas da Sanofi. Segundo ele,
os pesquisadores vão retornar para o Brasil capacitados para assumir as
pesquisas e contribuir para ampliar, no futuro, o acesso da população brasileira
a medicamentos inovadores, desenvolvidos em território nacional.
“Se amanhã, a Sanofi ou qualquer empresa do setor quiser montar um centro na
área pré-clínica no Brasil vai precisar de profissionais qualificados”,
explicou. De acordo com Lima, os pesquisadores selecionados serão treinados por,
no mínimo, um ano no exterior. “Esses profissionais vão ser treinados em
projetos que já temos e que estão em curso. Não serão projetos hipotéticos. Eles
vão trabalhar lado a lado com pesquisadores para que o treinamento seja o mais
pragmáticos e eficiente possível”, garantiu.
O processo de inscrição segue os padrões já definidos pelo programa
brasileiro, que há mais de dois anos têm concedido bolsas para estudantes
brasileiros que querem se especializar no exterior. Lima disse que a programação
do treinamento já foi concluída e que os centros estão prontos para receber os
pesquisadores. Segundo ele, o início do intercâmbio depende, agora, da seleção
dos candidatos. Os pesquisadores brasileiros interessados têm que ter
pós-graduação em nível de doutorado, para se inscrever nos editais de
pós-doutorado pelo site do programa.
Jorge Almeida Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes), vinculada ao MEC, antecipou que a parceria
deve atrair outras empresas do setor farmacoquímico e aumentar as oportunidades
de especialização de profissionais brasileiros nessa área. A meta do governo é
conceder 101 mil bolsas, em diversas áreas, para estudantes brasileiros até
2015, sendo que 75 mil delas seriam bancadas pelo governo federal e o restante
com ajuda da iniciativa privada.
Autoridades em educação e na área científica apostam que a oferta de bolsas
de estudo para graduação, pós-graduação, doutorado e pós-doutorado em várias
áreas de conhecimento, pode viabilizar mais rapidamente as inovações no país.
Neste caso específico da indústria farmacoquímica, a expectativa é que o
treinamento aponte soluções de saúde inovadoras, que possam ser usadas no Brasil
e no mundo para atender às necessidades dos pacientes.
Pelo Ciências sem Fronteira, os estudantes podem fazer estágio em outros
países, aproximando-se de sistemas educacionais competitivos em relação a
tecnologia e inovação. O programa também atrai pesquisadores do exterior que
queiram estudar, por um tempo determinado, no Brasil.
Fonte: Agência Brasil | Carolina Gonçalves / FAPERGS, 20/03/2013
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