A ciência na América do Sul na Nature


Capa da edição de 12 de junho de 2014
v. 510,  n. 7504,  p.187-306


             A metáfora é inevitável, apesar de dura. O editorial do número especial da Nature de 12 de junho traça uma perspectiva sobre o desenvolvimento científico da América Latina e ilustra com mapa a distribuição da pesquisa da região sobre um fundo escuro com a legenda:


Como o céu da noite, o alcance da ciência na América do Sul é bastante escuro. O Brasil é o único país do continente que gasta mais de 1% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento e este investimento ainda se situa bem abaixo do que países com renda similar estão investindo em pesquisa. (Nature 2014a) (Tradução Livre)

             Uma análise bastante detalhada da ciência produzida na região, qualitativa e quantitativamente, é relatada nos cinco artigos do número especial, e em meio à escuridão, pontos de luz emergem. A distribuição da produção científica ainda é muito desigual, e os desafios para formar pesquisadores e infraestrutura de pesquisa persistem em meio à instabilidade política em muitos países. Porém, os investimentos vêm aumentando e há centros de excelência sendo criados, em áreas como agricultura na Colômbia e biologia molecular na Argentina, que obtém reconhecimento internacional.
            Um dos fatores chave para impulsionar o desenvolvimento e melhoria da qualidade da pesquisa na região, segundo acadêmicos que foram ouvidos por Nature, é a colaboração internacional, tanto na forma de abrigar jovens cientistas em laboratórios renomados, como a visita de pesquisadores estrangeiros a instituições Latino-Americanas. A América Latina, neste quesito, ainda perde para outros países em desenvolvimento. Em 2013, o Brasil enviou 11 mil estudantes de graduação e pós-graduação aos Estados Unidos, menos que a Turquia e Vietnam, países menores em termos populacionais e econômicos. Este número corresponde a um terço dos estudantes enviados pela China a universidades norte-americanas.
          O intercâmbio de estudantes, entretanto, deve ser feito de forma a não encorajar a evasão de cérebros, como ocorreu em anos precedentes. Além disso, países como Brasil, Argentina, Chile e Colômbia estão empreendendo esforços para repatriar pesquisadores que permaneceram no exterior após um período de visita, como o programa Raices do Ministério da Ciência da Argentina, que conseguiu trazer de volta mais de mil cientistas emigrados nos Estados Unidos e Europa. Porém, mais do que programas com esta finalidade, a melhor forma de manter e trazer de volta os pesquisadores, segundo o Ministro da Ciência e Tecnologia da Argentina, Lino Barañao, “é criar uma atmosfera competitiva em ciência, com centros de pesquisa de qualidade integrados, pois de outra forma, mesmo oferecendo bons salários e posições, um bom pesquisador não voltará”. (Nature. 2014c) (Tradução livre).

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FONTE: SciELO em Perspectiva, 4/07/2014


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