Açaí é apontado como possível aliado no tratamento de distúrbio bipolar

Os benefícios do açaí vêm sendo explorados nos últimos anos. Por ser rico em proteínas, fibras, lipídios, vitaminas e minerais, o fruto tipicamente brasileiro já foi assinalado como importante para prevenção de doenças como colesterol alto, aterosclerose e até mesmo câncer, além de impulsionar o sistema imunológico de forma geral. Um estudo recém-publicado foi além e definiu o açaí como uma nova esperança para o tratamento de doenças neuropsiquiátricas.

Os resultados da pesquisa Neuroprotective Effects of Açaí (Euterpe oleracea Mart.) against Rotenone In Vitro Exposure estão disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES, na revista científica Oxidative Medicine and Cellular Longevity. Segundo Alencar Kolinski Machado, autor do trabalho, os indicadores sugerem que o açaí pode ser um suplemento alimentar importante para pacientes portadores de distúrbio bipolar. 

Machado explica que a matriz química do açaí possui diversas moléculas com potencial antioxidante e anti-inflamatório. “Estudos em idosos ribeirinhos de Maués, no interior do Amazonas, indicam que o consumo habitual de frutos como o açaí poderia contribuir para a desaceleração das disfunções associadas à velhice. Então, nós decidimos avaliar o quanto o extrato do açaí poderia reverter a principal disfunção mitocondrial associada com o distúrbio bipolar”, detalha o pesquisador. 

Os pesquisadores Alencar Machado e Ivana da Cruz no Laboratório de Biogenômica (Foto: Lucas Casali/UFMS)
Segundo ele, por meio dos resultados obtidos observou-se que o extrato de açaí foi capaz de prevenir e reverter a disfunção nas mitocôndrias que foram induzidas, de maneira a reestabelecer o funcionamento correto das células. “Um trabalho adicional, que está em fase de publicação, mostrou que o açaí tem um poderoso efeito anti-inflamatório. Este estudo foi feito com células aqui no Brasil e com um peixinho chamado Zebrafish, no Canadá”, comenta Machado. 


O trabalho foi desenvolvido durante o doutorado de Alencar Machado que, nesse período, foi bolsista da CAPES. “O estudo fez parte de um projeto coordenado pela professora Ivana da Cruz (Universidade Federal de Santa Maria) e acompanhado também pelo professor Euler Ribeiro (Universidade do Estado do Amazonas), que investiga fatores genéticos e ambientais que influenciam a longevidade das populações amazônicas. Com base nos resultados, vamos implantar estudos pré-clínicos e clínicos com a fruta”, pontua o cientista.

As próximas análises devem inicialmente avaliar o efeito da suplementação do açaí sobre o estresse de indivíduos saudáveis e, posteriormente, o efeito da suplementação em indicadores oxidativos e inflamatórios de pacientes portadores do distúrbio bipolar. Esses estudos serão conduzidos em parceria com diversas universidades e coordenados por Machado, que atualmente é professor adjunto no Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), de Santa Maria. 

O estudo foi publicado pela revista científica Oxidative Medicine and Cellular Longevity (Foto: Almanaque Londrina)
Alencar Machado frisa que os medicamentos que existem hoje para o tratamento de doenças neuropsiquiátricas são direcionados apenas para amenizar os sintomas, não existindo ainda nenhum recurso com potencial de eliminar ou reduzir as progressões. “Esse tipo de estudo é essencial para descobrir tratamentos alternativos que possam beneficiar a população acometida por doenças psiquiátricas”. 


Para o desenvolvimento do trabalho, o Portal de Periódicos foi item fundamental, atuando, de acordo com o pesquisador, como instrumento de revisão da bibliografia. “O Portal é bastante completo, é uma ferramenta de pesquisa muito boa. Além dos materiais disponíveis, que auxiliam no desenvolvimento de pesquisas experimentais e estudos de revisão de literatura, a organização da página facilita o acesso ao conteúdo disponível de forma rápida e moderna”, destaca. 

O pesquisador complementa: “a CAPES me proporcionou uma das maiores experiências que tive como estudante. Por meio da bolsa de Doutorado Sanduíche no Exterior foi possível a realização desse estudo no Departamento de Farmacologia e Toxicologia da Universidade de Toronto, no Canadá”.
Alice Oliveira dos Santos

Fonte: Portal CAPES.

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