Nobel de Medicina de 2014 vai para descoberta de 'GPS do cérebro'

John O'Keefe, May-Britt e Edvar Moser, ganhadores do Nobel de Medicina de 2014
(Foto: Divulgação/Prêmio Nobel)




         O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2014 foi oferecido na segunda-feira (6) pelo Instituto Karolinska, em Estocolmo, aos pesquisadores John O'Keefe, May-Britt Moser e Edvard Moser por sua descoberta de células que formam um sistema de posicionamento no cérebro humano, uma espécie de "GPS" interno.
          O prêmio será dividido: metade é do britânico-americano O'Keefe e o restante é do casal de noruegueses May-Britt e Edvard Moser. Os agraciados compartilharão um prêmio de 8 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão).
          Como é comum ocorrer no Nobel, os trabalhos premiados se complementam ao longo de um amplo espaço de tempo. A pesquisa de John O'Keefe começou na década de 1970.
          Em 1971, ele descobriu o primeiro componente do sistema de posicionamento -- um tipo de célula nervosa no hipocampo que era sempre ativada quando um roedor se encontrava num determinado local de um ambiente. Ele concluiu que essas "células de lugar" formavam um tipo de mapa de localização no cérebro.
          Mais de três décadas depois, o casal Moser identificou outro tipo de célula nervosa que forma um sistema de coordenadas no nosso cérebro, permitindo-nos encontrar caminhos e saber nosso posicionamento de forma precisa.
          A importância dos trabalhos dos pesquisadores, segundo o Instituto Karolinska, é que eles resolveram dúvidas que cientistas e filósofos discutiam há séculos: como sabemos onde estamos e por onde nos deslocaremos?
          A descoberta de que o cérebro é capaz de trabalhar com "mapas" internos pode ajudar a compreender o que ocorre na mente de pessoas com o mal de Alzheimer, por exemplo, que comumente perdem seu senso de orientação.
          A compreensão do "GPS cerebral" também é importante porque pode servir de paralelo para entender outras funções cognitivas complexas.

Estado de choque
          O’Keefe disse a repórteres em Londres, na segunda-feira, que ele estava muito surpreso por ter sido contemplado com o Nobel. “Ainda estou em estado de choque”, disse.
          May-Britt Moser dançou e bebeu champanhe com colegas na cidade de Trondheim depois de ficar sabendo do prêmio. “Isso é tão bom, e é louco. Eu estou só pulando e gritando”, disse a cientista à Reuters. “Eu estou tão orgulhosa de todo o apoio que tivemos. As pessoas acreditaram em nós, naquilo que estivemos fazendo, e agora essa é a recompensa.”
           A televisão norueguesa mostrou seus colegas de trabalho cantando, no ritmo de “Parabéns a você”, a frase “Happy Nobel to you” (ou “Feliz Nobel para você”).
          Seu marido, Edvard, não ficou sabendo imediatamente que tinha ganhado o Nobel porque estava em um avião rumo a Munique. Ele foi surpreendido com a notícia de que era um dos vencedores do Nobel no Aeroporto de Munique, depois que a companhia aérea Lufthansa lhe entregou um buquê de flores.
          "A Lufthansa o recebeu com flores e ele me perguntou: 'Tobias, o que é isso? Não estou entendo", explicou em entrevista à agência DPA o neurobiólogo Tobias Bonhoeffer, colega de Moser. Em seguida, ele olhou para seu telefone celular e viu que tinha recebido uma chamada do presidente do comitê do Nobel, acrescentou. "Então imaginou. Mas certamente ainda não estava seguro", explicou.
 


FONTE: G1 Ciência e Saúde, 6/10/2014

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