Tecnologia ajuda no ensino de medicina

No Santa Clara, detalhes da operação são conferidos em TVs de alta definição espalhadas pela sala
Santa Casa inaugurou sala em que alunos assistem a operações à distância.



Cinema no hospital Santa Clara, em Porto Alegre. O público? A primeira turma de residentes em videocirurgia do hospital. O filme? Uma cirurgia ao vivo. Ocupando mais de 50% da tela, a imagem em HD de um aparente sangramento na próstata, órgão que estava sendo operado.

– Isso que parece muito, na verdade não dá nem 5ml de sangue – informa o chefe do serviço de urologia da Santa Casa, Mirandolino Mariano.

Detalhes que só puderam ser notados pelos alunos por causa de uma tecnologia inaugurada no dia 17 de abril na unidade do complexo, que está inovando o sistema de ensino da medicina. As salas de videocirurgia avançada, que permitem operações de alta complexidade menos invasivas, são equipadas por monitores aéreos, câmeras que filmam em HD e TVs de alta definição.

Os equipamentos possibilitam que os médicos visualizem o interior do corpo humano ampliado, transmitido ao vivo por uma câmera de um centímetro inserida no paciente. Os alunos não precisam se amontoar em torno do professor para ver como ele opera. As chances de contaminação diminuem, e o conforto dos estudantes aumenta. No Hospital Santa Clara, residentes podem assistir a algumas operações de alto risco sentados em uma poltrona do outro lado da instituição. Médicos cadastrados também conseguem acompanhar por computador ou celular. Basta ter internet e login.

– Antes, os alunos tinham de acompanhar a cirurgia dentro do bloco cirúrgico. Agora, podem acompanhar em outra sala e veem todos os detalhes – explica o médico Luiz Alberto De Carli, coordenador do Centro Integrado de Videocirurgia avançada.

Investimento de R$ 500 mil e atendimento pelo SUS

O médico se guia pelo que vê em monitores aéreos ou em TVs de alta definição espalhadas pela sala. Os que estão fora palpitam e aprendem. Mas a classe médica não é a única beneficiada com o investimento federal de R$ 500 mil. Setenta por cento dos atendimentos serão a pacientes do SUS. O restante ficará dividido entre particulares e de convênio. As operações são das áreas de urologia, proctologia, clínica geral e ginecologia.

Adriana Prauchner, bancária, fez redução de estômago na segunda semana de abril. Se tivesse realizado o procedimento um mês atrás, poderia ganhar uma cicatriz permanente ou um mês de recuperação. Por ter usufruído da tecnologia, tem cinco pequenas marcas no corpo que tendem a desaparecer. E a disposição já está em alta:

– Fui para casa em cinco dias e hoje faço pequenas caminhadas diárias.

O Hospital São Francisco também conta com sala de videocirurgia avançada. Como teve apoio financeiro de empresas privadas, o atendimento é voltado a convênios e particulares.
 
As videocirurgias
 
Confira o que muda com as novas salas de videocirurgia:
 
ANTES
Estudantes acompanhavam cirurgia na sala de operação. Chance de contaminação era maior.
DEPOIS
Alunos podem acompanhar de outra sala do hospital por meio de uma tela, onde se pode ver mais detalhes.
 
ANTES
Os cirurgiões operavam olhando para um monitor de 32 polegadas.
DEPOIS
Operam vendo três telas de 42 polegadas e em imagem full HD.
 
ANTES
Os pacientes poderiam ficar com cicatrizes permanentes, pois o corte era grande.
DEPOIS
Os pacientes ficam com três a cinco marcas pequenas, que tendem a desaparecer, por causa da inserção da câmera e dos instrumentos de diâmetro de, no máximo, um centímetro.
 
FONTE: Zero Hora, 18/04/2012, p. 25
 




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