A saúde em 2021

Especialistas de diversas áreas debatem o aumento na expectativa de vida do brasileiro e o impacto desse cenário na saúde e na economia do país. (divulgação)
Por Mônica Pileggi

Agência FAPESP – Um dos grandes desafios a serem enfrentados pelo setor de saúde no Brasil em 2021 será o crescimento no número de idosos com o consequente aumento que se pode esperar nos quadros gerais de diversas doenças. Para lidar com esse cenário, a economia brasileira deverá estar preparada.

A constatação foi feita por especialistas de diversas áreas durante o Fórum Internacional Saúde em 2021, realizado nos dias 2 e 3 de agosto, em São Paulo, pela Associação Paulista pelo Desenvolvimento da Medicina (SPDM).

Dividido em seis módulos, “Brasil no mundo em 2021”, “O sistema de saúde brasileiro em 2021”, “Profissionais da saúde em 2021”, “Informação, comunicação e saúde”, “Ética na saúde” e “Mercado e complexo industrial da saúde em 2021”, o evento teve por objetivo identificar prováveis cenários do setor, assim como debater possíveis estratégias para a próxima década.

“O envelhecimento é inevitável e essa geração de idosos já nasceu”, disse Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em palestra no fórum.

Ricupero citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para destacar o envelhecimento populacional no país. Em 2001, 14,5 milhões de brasileiros (ou 9,1% do total) tinham acima de 60 anos. Em 2009, já eram 21,6 milhões (11,3%). Em 2025, a estimativa é que os idosos serão mais de 30 milhões (ou 15% do total). “Isso promoverá um grande impacto na economia do país”, disse.

De acordo com Maurício Lima Barreto, professor titular do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), problemas como diabetes e obesidade se tornarão ainda mais crônicos nas próximas décadas e, junto a novas doenças, poderão levar a um “estresse” no sistema de saúde brasileiro. “Temos de resolver os velhos problemas para podermos lidar com os novos no futuro”, ressaltou.

Para isso, o Brasil terá de investir ainda mais em ciência, tecnologia e inovação no setor. Isso tem ocorrido no Estado de São Paulo, por exemplo, em que a área de saúde é a maior destinatária dos recursos destinados pela FAPESP ao apoio à pesquisa.

“Em 2010, a FAPESP investiu R$ 215,3 milhões em pesquisas na área de saúde, o que representa 27,61% do total investido pela Fundação”, destacou Celso Lafer, presidente da FAPESP, no Fórum Internacional Saúde em 2021.

O desembolso da FAPESP com a Linha Regular – que compreende todas as modalidades de Bolsas e de Auxílios Regulares, excluindo as bolsas e os auxílios concedidos no âmbito dos Programas Especiais e dos Programas de Pesquisa para Inovação Tecnológica – totalizou R$ 595,91 milhões em 2010, correspondendo a 76,4% de todo o valor gasto pela Fundação. A área do conhecimento que recebeu maior volume de recursos dentro da Linha Regular foi saúde, com R$ 186,81 milhões (31,35%).

Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenador do Centro de Biotecnologia Molecular Estrutural, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) da FAPESP, reforçou essa necessidade de investimentos no setor de saúde.

Segundo ele, o país também precisa superar a pequena presença de doutores no setor industrial. “Em 2008, 80% dos doutores atuavam em educação. Isso, dois anos após o doutoramento. O restante estava na administração pública e menos de 1% atuava com pesquisas em empresas”, ressaltou.

Para que a pesquisa avance para além do universo acadêmico, Oliva destacou a necessidade de internacionalizar ainda mais a ciência brasileira, assim como avanços na multi, inter e transdisciplinaridade. “O maior desafio é traduzir o conhecimento científico para a sociedade. E, para isso, precisamos de mais doutores nas empresas”, disse.

Mais informações: www.spdm.org.br/site/forum


FONTE: Agência FAPESP, 4 de agosto de 2011

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